terça-feira, 26 de agosto de 2014

pequenos fragmentos III

André Kertész, Distortion. Miroir. Mirror. Spiegel. Verzerrong.
I. Criamos a cria que cria a nossa ferida.

II. Cela: a circunferência confeccionada a nossa volta.

III. Cera: o prazer do fogo em consumir o fio.

IV. O vazio se configura em um status complexo, nunca se está vazio, seja dentro ou fora. Muitas coisas passam, perpassam, somente reina, nesse instante vazio, uma relativa ausência de sentido, ligação frágil, por instante rompida, o lugar, os objetos, ausência de palavras, o silêncio. Templo sem sentido? A marca texto desliza sobre o papel, a manchar com cor as letras, na tentativa de em vida eternizá-las grifando-as. Tão fugaz, percebera em si, como estrondo, que o ato não prende a frase, só a destaca do todo, ainda sim fugaz.   

V. Quando as cores se misturam, anoiteço.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

pequenos fragmentos II

boiadeiro @wesleydavid
            Fragmentar o mar/lacrimejar no ar/resta só o amar/ [adentro no vento]/de que é feito o tempo?/senão um tormento, lamento de um sólido/[a pedra, gasta, esgarça?]/o vazio do pulsar/ o encontrar.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

pequenos fragmentos I

Fernand Léger, Natureza morta com uma caneca de cerveja , 1921
trôpego, bêbado, cheio do vazio/[confusão]/fumaça adentra, escapa entre os dedos/o espaço escuro/silêncio/transformar o outro quando custa se transformar/retorno do vazio/[sou]/e por tão ser já não sei não ser/o que era então no ventre?/ a memória que antecede a racionalidade/[esquecimento]/sou o complexo máximo do vazio.