sexta-feira, 8 de junho de 2012

Meandros


Não lhe parece estranho esse doce olhar a mirar-te como se fosse o único foco reluzente em todo o emaranhado de imagens que perseguem as avenidas solitárias com tantos espíritos a vagar a procura de qualquer sexo com cheiro de prazer que possa ocupar o espaço que outro deixou quaisquer lábios que possam oferecer um hálito fresco e jovial de amor barato que com qualquer nota se consegue.
Não lhe parece estranho esse seu corpo a vagar por tantas e tantas encruzilhadas sem ao menos fazer qualquer trabalho com garrafas de vinho e rosas vermelhas para trazer um amor que lhe faça sossegar e que seja complacente com todas as mentiras que gostas de contar a todas aquelas que te ouvem pela primeira vez e se encantam com toda essa ginga que parece que desceu do morro para enfeitiçar as meninas do Leblon.
Não lhe parece estranho que com toda essa idade que dizes ter quando bebes não transparece nos seus atos frenéticos de querer sempre se sobressair com suas histórias que habitam num passado do qual não podes retornar pois lá ficou e de lá não sairá.
Duane Michals
Recolho esse olhar doce para tentar amanhã mirar alguém que ao menos perceba todas as suas fraquezas e defeitos e mesmo assim ainda queira contigo coabitar numa harmonia de notas ressoantes que só dois corpos transmutados em um com gemidos e sussurros quentes sabem transmitir que é essa fala louca de amantes que já não procuram em outros corpos o que só aquele sabe dar será que existe outro alguém que se encaixe em todo esse maldito vazio? 

Um comentário:

  1. Li e reli +00 vezes e cada vez sinto que quando a gente vive uma experiência que guardamos só pra gente acabamos por muitas vezes nos pergunta se isto acontece com outras pessoas ou se é só com a gente ou então porquê acontece isso comigo se há tantas outras pessoas por ae...
    Algumas experiências que a gente vive não sabemos se é ruim ou não... E fica aquela dúvida de doer os ossos de tanto que a gente se pergunta ''por que isto não pode ser de outro jeito'' e quando a experiência que a gente vive acaba a gente descobre sua intensidade...(ou acha que descobre)...
    Algumas vezes me senti assim, quase implorando pros meus olhos se fecharem e manterem aquela lembrança com suas cores, seus cheiros mas a gente sabe que não volta mais...
    Antes eu me remoía com os n vazios que ficavam na alma... Pergunto-me por que que ficam...
    E começo a buscar...
    Não sei o quê e nem pra quê.
    Mas algo que toque... que dê pra sentir.
    Gosto desse tipo de texto. Toca na fundação do espírito.

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