Ismael Nery, Nu no Cabide, 1927 |
Acreditava que seu pequeno mundo estava
consolidado em bases sólidas, tingia todos os dias como criança, cores para
sustentar sua fraqueza de espírito, assim o viam, porém, ele-garoto-maroto se
sentia muito esperto, sempre aproveitando das situações, instinto comum a todos,
rearranjando os laços de amizade conforme os ventos do sul ou norte, não sabia
bem, corriam e entravam pela sua janela, de lá pensava estabelecer seu trono,
manchado por várias qualidades que já haviam se ausentado por tê-las vendido.
Sua
delicadeza desprezada por uma submissão aparentemente segura o distanciava de
todos, somente os escolhidos por seu rei poderiam coabitar no mesmo espaço
sereno, senão todas as forças astrais conspirariam para tornar o ambiente
hostil, assim os observadores acreditavam, assim agia, afinal era seu mundo, por
que questioná-lo? Ao fazê-lo estaria eliminando o que se tornara, suas
justificativas escorregavam num mangue que se formara em seu entorno, sem ver,
dar conta, reparar, diante de tanta serenidade escondia uma passividade que
mascarava seus mais obscuros pensamentos, só embriagava com seu falso brilho os
que não o conheciam.
Por
quanto tempo viveria assim? Quem poderia responder, aliás, poucos concentravam
forças para entendê-lo, porém não percebia, o mundo gira dessa forma, as
pessoas não tem culpa, só não podem se revestir da couraça da inocência, essa
quando foi embora se despediu para não mais voltar.
Gostei muito da tela..
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