|
André Kertész @ |
as cadeiras, de tarde
ocupadas, a noite solitárias, será sempre essa angústia, remoendo a chorar
amores que inexistentes na tentativa de compor amores existentes?
os móveis aos poucos de maneira astuta foi se
apossando, levando-os como se quisesse me tirar aos poucos as lembranças que habituado
estava a enxergar. pareciam uma parte sua na composição.
pergunto-me se não existirá intensidade maior
que suprimirá essa dor aguda?, croissant, leite, café, saliva, seu olhar
risonho a me desejar traiçoeiramente bom dia, qualquer descuido me levará para
as entranhas da mais pura solidão, acompanhado do vazio, do nada existente no
escuro, naquilo que não alcanço e nem hei de alcançar.
esses novos braços trás um cheiro que te
acalenta
sou todo poeira nas
paredes de seu quarto
poderei ser o nada que outrora te banhava de
luz
pretensão
não aceitar a verdade que me cobria que só agora
com minhas lentes posso sentir tamanho desespero em peles, que possam me gerar
qualquer sensação forjada que acomode.
os braços atuais sabem
te embalar?
gaste todas as suas forças no involuntário
desespero de encontrar o jeito de meus braços em outros,
sua pele
grita
a sua incapacidade de
ouvir.
-*-