quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

desapontamento

André Kertész @
as cadeiras, de tarde ocupadas, a noite solitárias, será sempre essa angústia, remoendo a chorar amores que inexistentes na tentativa de compor amores existentes?
os móveis aos poucos de maneira astuta foi se apossando, levando-os como se quisesse me tirar aos poucos as lembranças que habituado estava a enxergar. pareciam uma parte sua na composição.
pergunto-me se não existirá intensidade maior que suprimirá essa dor aguda?, croissant, leite, café, saliva, seu olhar risonho a me desejar traiçoeiramente bom dia, qualquer descuido me levará para as entranhas da mais pura solidão, acompanhado do vazio, do nada existente no escuro, naquilo que não alcanço e nem hei de alcançar.

esses novos braços trás um cheiro que te acalenta
sou todo poeira nas paredes de seu quarto
 poderei ser o nada que outrora te banhava de luz
 pretensão
não aceitar a verdade que me cobria que só agora com minhas lentes posso sentir tamanho desespero em peles, que possam me gerar qualquer sensação forjada que acomode.
os braços atuais sabem te embalar?
gaste todas as suas forças no involuntário desespero de encontrar o jeito de meus braços em outros,
 sua pele
grita
a sua incapacidade de ouvir.


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