segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Painter Marta Hegemann, ca 1925 -by August Sander

Esquizofrenia: Grupo de distúrbios mentais que, basicamente, demonstram dissociação e discordância das funções psíquicas, perda de unidade da personalidade, ruptura de contato com a realidade.[1]

Cada um de nós, alguns a ir outros a vir se encontram na estação, somos ilhotas a nos mover para outras que talvez possam nos preencher, trazendo alguma novidade na mesmice habitual.
O sol que se furtava se apresentou irritante; os vestígios deixados pela chuva de outrora absorvidos pela luz que reflete fortemente sobre a terra.
Assim se acumula a vida nos poros, rosto, corpo e alma que transborda sentimentos tão variáveis quanto às cores que nossos olhos podem captar. Tão incerta é a alegria, visita-nos dia sim, dias não, as mãos dadas caminham a tear refrões para quebrar o gelo dos corações que se aproximam, chocam e seguem. As cenas poderiam transitar facilmente como nos filmes, com várias categorias: ação, drama, terror e etc. talvez seja a vida um filme. Se assim o for o roteiro é incerto e a categoria duvidosa.
A transitar no real essa cidade nos engole, a vontade se choca com o promiscuo tão difundido e comum. Não há ai o estranhamento e sim a perda da expectativa. Busca do sentir insano, que se configura naquele pulsar de vida a qualquer custo, provavelmente o cigarro lhe faz sentido quando pensa sobre a busca, seu corpo se sente tão oco ao ponto de preenchê-lo por fumaça, ciente que a mesma é expelida.
As vozes que o cercam na rua falam sobre o nada que é a sua vida e a vida de quem emitem esses sons audíveis.
Os carros com a velocidade passam por si, pelas ruas e seguem algum destino, ponto de encontro, a ausência rodeia a todos que há essa hora estão a procurar desesperadamente algo indistinto. Outros se satisfazem com as imagens, luz e a voz que saem das suas televisões, no final todos estão ausentes na loucura que é a falta de sentido: a vida; a procurarem o eu que em algum momento se chocou com outro e se perdeu. Melhor a perda de sentido que a certeza inocente, que como damas-da-noite espalham um frescor inebriante que confunde os sentidos. Melhor a solidão pesada, que a certeza de ter ouvidos a lhe escutar. Melhor o caminhar do que a velocidade a sucumbir o contato.
Estamos de algum modo, conectados e desconectados na cegueira que se apodera de nós.


[1] Miniaurélio

Nenhum comentário:

Postar um comentário