domingo, 13 de fevereiro de 2011

ONTEM, AMANHÃ: MANHÃ

As gotas de orvalho ainda permaneciam nas folhagens,
Os galhos entrelaçados desdobrando braços,
podem espreguiçar soltos ao vazio,
agora preenchidos por suas folhas;
Os pássaros transitam de uma ponta a outra naquele vazio preenchido,
  faz-se uma bela melodia de dó, ré, mi, fá, que surge do imaginário;
O vento toca nas pequenas ramagens e folhas,
forma dança uníssona;
Telhas jogadas ao chão,
quebradas,
outrora fora um telhado,
 abrigo,
aconchego,
  já não tem serventia: largadas, quebradas;
O ser-pensante caminha com a camisa envolta em nó no pescoço,
um herói,
 mas não o que caminha
 e sim as borboletas que voam,
realizam shows no ar de magia e beleza indizíveis;
O toldo da casa velho ressecado pelo sol,
 para seus habitantes é ou fora um palácio,
 só resta pai e mãe,
os filhos que comungavam ali partiram;
ao lado late um pequeno cachorro;
O sol timidamente não aparece só dá relances,
 de um possível calor que porventura virá,
 o céu ainda branco desprovido de cor,
e assim revela transcendental beleza,
inatingível para exprimir nas vãs palavras;
Anti tudo
 que não possa ser
 parnasiano-moderno-concreto-neo-pós-nós-bossa-nova-rock’n’roll-samba-tropicalia;
A delicadeza dos passos se redobra,
 no chão as formigas carregam folhas maiores que seu próprio ser;
Se finda o deslumbre,
e uma tristeza
 aguda,
sensível,
Teresa Canelas - Lugares Sonhados
invade;
 o ser-pensante que volta para o seu lar:
 consola a si, a ela, a ele, aos seus...

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