segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

UM, DOIS, TRÊS...

Henry Cartier Bresson,
Dieppe, France, 1926.

 Um, dois, três... Seguia contando o balanço das pernas. As pernas cortavam o ar em movimentos retilíneos e rápidos. De longe alguém observava o balanço das pernas e da cabeça. A cabeça se movimentava lentamente. Movimento delicado. Os ossos faziam um barulho, estralo. Ele ficava com a feição de quem deseja respirar e suspirar. Olhava-a de maneira afável como se a conhecesse há muito tempo. Tal sensação era típica das pessoas por quem tinha apreço. Quem não os conhecia admiraria a visão ao longe. Uma fonte redonda e os dois sentados. Movimentava a cabeça, as pernas e raramente os braços. Todos os movimentos com lentidão a capturava como se estivesse a filmá-la.
Depois de algum tempo o inesperado aconteceu. Conheceram-se apesar de se admirarem a muito tempo. Para aquele – ele tudo aconteceu como um sonho do qual sonhava há muito tempo. Logo, casaram-se e não seriam mais aqueles – dois, formariam “ele e ela, - talvez um”.
Alguém passou e os viu. Estavam abraçados, embalados pelo imaginado amor. O vento batia na face de ambos. A saia levantava conforme a intensidade do vento juntamente com os cabelos ao léu. No enlace do abraço, havia uma carícia muda. Ambos mantinham nas trocas de olhares uma melodia. A melodia era lenta e ouvida somente pelos dois a formar assim um mundo impenetrável por outros.
Ele – um, lembrava sempre o primeiro dia que a viu. O vento estava presente, o céu parecia tomar outras tonalidades. Cores que o emocionavam. Ela – uma, ficava com a face tonalizada com cores suaves. Sua pele ficava com uma claridade que acentuava sua beleza. Ele – um não sabia como sobrevivera com seu coração batendo tão exasperadamente. Enfim “ele e ela, talvez um” só o tempo confirmará, revelará, ou mostrará o que é a prova da poeira e o que não é!

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